Sobre o Diário

Em 2007 quando eu estava na sétima série (oitavo ano) comecei a usar as agendas de escola para anotar outras coisas além das lições de casa. A primeira agenda-diário está um pouco vazia, mas da segunda em diante as páginas estão lotadas de desenhos, ingressos de cinema, cartões de restaurantes, conversas escritas durante a aula para não levar bronca dos professores, declarações, listas, relatos das viagens, lembrete de aniversários, bilhetes de amigos.
Nunca fiz isso pensando em como seria legal ler essas agendas mais pra frente, mas no final do ano elas estavam tão coloridas e cheias de coisas engraçadas que eu ficava com dó de jogar fora. E então eu guardei uma, duas e hoje tenho cinco delas, da sétima série até o terceiro ano do ensino médio. Vira e mexe as procuro e releio, percebo o quanto a minha letra e os traços dos desenhos mudaram, leio a falta de preocupação, lembro de festas, baladas, idas ao boliche, shows e amigos.

Quando entrei na faculdade não me passou pela cabeça continuar a usar agendas, como eu fiz gastronomia, a maioria das minhas aulas eram práticas e não teóricas, então eu não tinha como parar e ficar escrevendo coisas na agenda-diário no meio da aula. Também não tinha necessidade já que não tinha tédio do qual escapar.
Mas de vez em quando aparecia uma vontade de voltar a escrever sobre os acontecimentos do dia para poder ler depois. O Twitter ajudou um pouco, mas ainda não era bem aquilo que eu queria… Eu poderia criar um blog. Mas é uma coisa tão “maior” que uma simples agenda, eu precisaria de mais conteúdo para colocar nele, e o problema estava aí: Qual conteúdo?

Quando surgiu uma viagem com a faculdade para passar duas semanas em Marbella, na Espanha, decidi que seria legal criar um blog e escrever o que fiz a cada dia da viagem, da mesma forma que eu fazia nas agendas-diário. A viagem chegou, passou e eu não fiz nada. Continuei querendo escrever mas o assunto já tinha acabado e eu já tinha voltado à rotina normal de faculdade e estágio, então deixei pra lá.
Um tempo depois a idéia do blog voltou a aparecer, e meu irmão me incentivou para que eu colocasse isso em prática. Decidi que eu escreveria sobre viagens toda vez que fizesse uma que durasse mais do que um final de semana e que não fosse para a praia. Nunca criei esse blog.

Então surgiu a oportunidade de passar seis meses em Florença, na Itália, e depois de algum tempo de preguiça criei o blog e comecei a escrever sobre os acontecimentos semanais, tive algumas dúvidas quanto ao nome, mas achei que Diário de Bordo caberia bem. Infelizmente quando a viagem acabasse eu ficaria sem escrever nada até que uma viagem bacana acontecesse novamente.
Aí um dia eu lembrei das minhas agendas-diário da época de escola. Muitas vezes eu simplesmente escrevia que tinha ido tomar um sorvete e só e mesmo assim gosto de reler. O Diário de Bordo não precisa conter relatos só sobre as viagens para outros lugares, porque se depois de 9 anos eu ainda gosto de pegar minha agenda-diário da sétima série e reler, imagina se eu não vou gostar de fazer isso com um blog onde eu escrevi coisas mais interessantes e legais do que “Geografia página 76 ex. 6, Matemática pgs 122 até 125”?
Pois então tá bom. O Diário de Bordo vai ser a minha nova agenda-diário, só que uma que não ocupa espaço no meu armário nem que acaba no mês de Dezembro e vem seguida de uma lista telefônica.
Quando tiver viagem vou escrever sobre viagem, quando não tiver viagem vou escrever mesmo assim.